27 de jun. de 2014

EPIDEMIA: PLANO DE CONTROLE E COMBATE A LEPTOSPIROSE

PACINI, Diogo Barth

A Leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactéria, em especial a mais conhecida é a bactéria Leptospira interrogans, apesar de ser a mais conhecida a leptospirose pode ser causada por outras bactérias da mesma família (L. kirschneri, L. noguchii, L. alexanderi, L. weilii, L. borgpetersenii, L. santarosai, L. kmety) além dessas bactérias causadoras, temos as oportunistas, isso é, não causam leptospirose em organismos sadios, mas se aproveitam de organismos debilitados, são elas: L. inadai, L. fainei, L. broomii, L. licerasiae, L. wolffii. Devido a essa grande quantidade de bactérias causadora da mesma doença é comum encontrar nos registros como Leptospira patogênica, visto que além destas citadas existem as que não causam doenças. A Leptospirose também é uma zoonose, isso é, causa doença em animais e os animais transmitem essa doença para o homem. O Ser Humano é considerado hospedeiro terminal da leptospirose, visto que é muito rara a transmissão entre os seres humanos (devido a essa raridade, não são encontrados na literatura dados deste tipo de transmissão), a transmissão e feito de animal para animal e de animal para seres humanos.

O rato é o maior e mais conhecido transmissor de leptospirose, mas outros animais, tais como, bovinos, suínos, equinos, caprinos, ovinos e caninos também são reserva natural da bactéria Leptospira e transmissores de leptospirose.

A leptospirose também pode ser considerada uma doença ocupacional visto que atinge trabalhadores rurais e também pessoas que trabalham em rede de tratamento de água e esgoto.

O Brasil é um país endêmico de leptospirose com ocorrência de epidemias anuais, devido ao grande numero de cidades sem tratamento de esgoto e as grandes inundações e as enchentes que ocorrem todo o ano.

Os primeiros sintomas da leptospirose são muito comum a outras doenças, tais como dengue, gripe e outras doenças tropicais, dentre os sintomas estão, febre alta, cefaleia, náuseas, vômitos, tosse, diarreias, dores muscular (principalmente de membros inferiores), entre outros, o que diferencia a leptospirose das demais doenças é a hiperemia conjuntival (alergia nos olhos). Existem duas fases, a fase precoce e a fase tardia.

A Fase precoce ou fase leptospirêmica, é a fase onde são encontrados os primeiros sintomas, por isso, a doença é branda e mais fácil de controlar. A fase tardia ou fase imune é a fase onde a doença é mais severa e pode levar a óbito se não tratado com urgência, nesta fase ocorre a síndrome de Weil (Adolf Weil – nome do patologista que descobriu e descreveu a leptospirose), nesta síndrome é caracterizada por hemorragias (mais comum é a hemorragia pulmonar), icterícia (a pele fica em um tom amarelo-alaranjado), e insuficiência renal (devido a bactéria paralisar as funções do rim)
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O Tratamento médico é feito com antibióticos, na fase precoce o paciente é tratado em casa, onde o médico receita um antibiótico e a hidratação do paciente, já a fase tardia por ser mais severa, o paciente fica internado e recebe o antibiótico e a hidratação de meio venoso. Não é aconselhado em nenhuma das fases o uso de medicamento que contenha ácido acetilsalicílico, pois esse pode aumentar o risco de sangramento/hemorragia. Não existem vacinas contra leptospirose para humanos, somente para animais, mas a vacina não impede que o animal contraia a bactéria, a vacina somente evita que os animais contraiam a doença (leptospirose), mesmo assim eles são transmissores da doença.

Quando as pessoas forem ao posto de saúde com sintomas de leptospirose o posto tem por obrigação legal, avisar o departamento de vigilância da saúde e ambiental da secretaria de saúde. Que por sua vez da o suporte necessário junto ao posto, com treinamento da equipe de médicos, enfermeiros e técnicos.

Uma das ações que podem ser tomadas é a distribuição de folhetos informativos sobre a doença e dicas de higiene pessoal e sugestão para limpeza dos terrenos e residências, e a mesma informação ser divulgada por meio do rádio e televisão.

Se mesmo com essas ações continuar aumentando o numero de casos de pessoas infectadas com leptospirose, a secretaria de saúde é obrigada a informar o Ministério da saúde, e passa assim a ser considerado uma epidemia, visto que uma região inteira esta com surto, e corre o risco de passar para regiões adjacentes.

Outro meio de controle da Leptospirose é realizar a desratização, intensificar a coleta de lixo, realizar a limpeza de bocas de lobo, limpeza das vias públicas e intensificar o serviço de cata-entulhos.

A leptospirose é diagnosticada com exames físicos, clínicos e laboratoriais, que os médicos solicitam ao laboratório credenciado. Inicialmente os médicos aferem a pressão arterial e a temperatura, observam os estado de hidratação, observam se não há sangramento, avaliam o nível de consciência do paciente e a presença de icterícia. Os exames laboratoriais que são sugeridos são hemograma completo, e bioquímico (ureia, creatinina, bilirrubina, TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina, CPK, Na+ e K+), se o médico achar necessário ou suspeitar que o paciente já esteja na fase imune da doença ele solicita a radiografia do tórax, o eletrocardiograma (ECG) e a gasometria arterial.

Os sinais clínicos que sugerem uma internação imediata são: Icterícia, arritmias, hipotensão, fenômenos hemorrágico, oligúria, dispneia, tosse, taquipnéia, vômitos frequentes e alteração no nível de consciência, para internação basta ocorrer um desses sintomas.

Mesmo identificando os sintomas, e conferindo os exames o médico pode solicitar o exame de cultura bacteriana (cultura de bactéria especifica (leptospira) e geral), além do PCR para identificação da espécie da bactéria através do DNA.

Conforme dito anteriormente, independente da fase, o tratamento é feito com antibiótico e hidratação. No caso da internação, as primeiras 24 horas são as mais críticas, pois é neste período que o paciente pode vir a óbito.

Após o combate ao transmissor da leptospirose, através de desratização, conscientização e da limpeza urbana, o controle é feito pelo sistema de saúde, com distribuição de antibióticos, orientação e internação.

Por isso, e por causa de outras doenças devemos sempre manter os terrenos e as vias públicas limpas, realizar a separação do lixo para facilitar a coleta seletiva e evitarmos armazenar caixas de papelão, papéis e demais entulhos dentro das residências e dos terrenos.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

BRASIL. Guia Leptospirose: diagnóstico e Manejo Clínico/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009.



LIMA, S. C. de; SAKATA, E. E.; ROCHA SANTO, C. E. da; YASUDA, P. H.; STILIANO, S. V. & RIBEIRO, F. A. – Surto de leptospirose humana por atividade recreacional no Município de São José dos Campos, São Paulo. Estudo soroepidemiológico. Rev.Inst. Med. Trop. São Paulo. 32 (6): 474-479, novembro-dezembro, 1990