27 de jun. de 2014

BREVE HISTÓRICO DA CIÊNCIAS

PACINI, Diogo Barth. 


1665
  • Robert Hook publica os primeiros desenhos de células observando ao microscópio as células mortas de cortiças.


1683 
  • Anton Van Leeuwenhoek observa uma bactéria. Suas descobertas trazem novamente a tona a discussão sobre a geração espontânea de microrganismo.


1831 
  • Robert Brown estudando partes das plantas ao microscópio, descobre o núcleo das células.


1858 
  • Charles R. Darwin e Alfred Wallace propõem, de forma independente, uma teoria de evolução biológica por meio da seleção natural. Apenas em edições posteriores de seu trabalho Darwin usou o termo “evolução”.


1865 
  • O abade Gregor Mendel (1822-1884), de Brünn (Brno, na República Tcheca), publica trabalho sobre experimentos com ervilhas em que propõe as leis da hereditariedade ("leis de Mendel") e supõe que as características hereditárias são transmitidas em unidades. O trabalho permanece quase ignorado até 1900.


1869 
  • O suíço Friedrich Miescher (1844-1895) isola, a partir do pus humano e do esperma do salmão, uma substância com alto teor de fósforo que chama de "nucleína", posteriormente denominada "ácido desoxirribonucléico" (DNA).


1879 
  • Walther Flemming descreve o comportamento dos cromossomos durante a divisão celular.


1882 
  • O alemão Walter Flemming (1843-1905) descobre corpos com formato de bastão dentro do núcleo das células, que denomina "cromossomos".


1886 
  • O botânico austríaco Gregor Mendel propõe as leis básicas da hereditariedade.


1900 
  • O holandês Hugo de Vries (1848-1935), o alemão Carl Correns (1864-1933) e o austríaco Erich Tschermak von Seysenegg (1871-1962) chegam de forma independente aos resultados de Mendel sobre as leis da hereditariedade.


1902 
  • O norte-americano Walter Sutton (1877-1906) e o alemão Theodor Boveri (1862-1915) dão início à teoria cromossômica da hereditariedade (as "partículas" da hereditariedade estariam localizadas nos cromossomos).


1909 
  • A composição química do DNA é identificada como uma longa cadeia molecular de fosfato e açúcar. A palabra “gene” é usada pela primeira vez.


1912 
  • Os alemães Walter Friedrich (1883-1968) e Paul Knipping (1883-1935), seguindo uma idéia de seu compatriota Max lon Laue (1879-1960), estudam a estrutura de cristais por meio dos raios X, que são espalhados pelos átomos conforme seu arranjo espacial (difração).
  • William Lawrence Bragg (1890-1971), nascido na Austrália, chega à lei que descreve esse processo. Seu pai, o britânico William Henry Bragg (1862-1942), analisa matematicamente como se podem determinar as estruturas moleculares a partir das figuras de difração.


1915 
  • O norte-americano Thomas Hunt Morgan (1866-1945) e seus alunos Alfred Sturtevant (1891-1970), Hermann Joseph Muller (1890-1967) e Calvin Bridges (1889-1938) publicam o livro O Mecanismo da Hereditariedade Mendeliana, no qual relatam experimentos com drosófilas, as moscas-das-frutas, e mostram que os genes estão linearmente dispostos nos cromossomos.


1923 
  • Robert Feulgen, pelo método de colocação DNA-especifico fortalece a teoria de que os genes estão localizados nos cromossomos.


1927 
  • Hermann Joseph Muller mostra que a incidência de raios X sobre os cromossomos pode induzir mutações genéticas.


1928 
  • O inglês Frederick Griffith (1877-1941) publica os resultados de experimentos que mostram que bactérias não-virulentas (neumococos tipo RI) podem matar camundongos se forem injetadas com bactérias virulentas mortas (tipo SII). Isso mostrou que poderia haver transformações genéticas entre tipos de bactéria.


1929 
  • Phoebus Levene descreve a composição química dos ácidos nucléicos.


1931 
  • O russo Phoebus Aaron Levene (1869-1940), trabalhando nos EUA, estuda a estrutura química dos ácidos nucléicos e identifica seus componentes básicos. Os termos “ácido desoxirribonucléico” e “ácido ribonucléico” (RNA) se tornam de uso comum.


1938 
  • O britânico William Astbury (1898-1961) obtém a primeira figura de difração do DNA com o uso de raios X e sugere que ele tem uma estrutura periódica regular. Nessa época, predomina a idéia de que a informação genética está contida nas proteínas, porque o DNA teria uma estrutura muito simples para isso.


1944 
  • O alemão Max Delbrück (1906-1981) cria nos EUA, com o italiano Salvador Luria (1912-1991) e outros, o Grupo Fago (“Phage Group”) para estudar vírus que infectam bactérias (bacteriófagos). A estratégia é investigar os genes combinando física e genética.
  • A norte-americana Barbara McClintock (1902-1992), usando o milho como organismo-modelo, descobre os transposons. Eles são seqüências de DNA capazes de se mover de um lugar para outro no genoma, mostrando que ele é mais dinâmico do que se pensava.
  • Os canadenses Oswald Avery (1877-1955), Colin MacLeod (1909-1972) e Maclyn McCarty (1911-), do Instituto Rockefeller (EUA), mostram que o DNA (e não proteínas) é capaz de transformar bactérias não-patogênicas em patogênicas. Isso sugere que é o DNA que armazena a informação genética.


1949 
  • O austríaco Erwin Chargaff (1905-1992) descobre, nos EUA, uma relação quantitativa entre as bases do DNA: a proporção (razão molar) entre adenina e timina é sempre igual, e o mesmo ocorre entre guanina e citosina.


1950 
  • Os norte-americanos Linus Pauling (1901-1994) e Robert Corey (1897-1971) identificam a estrutura molecular básica de proteínas (o modelo da alfa-hélice). Dois anos depois, eles propõem uma estrutura para o DNA que se mostraria equivocada, com três cadeias helicoidais entrelaçadas (o modelo da tripla hélice).
  • Erwin Chargaff verifica que existe uma proporção aproximada de 1:1 entre as bases nitrogenadas Adenina (A) e Timina(T) e 1:1 entre as bases nitrogenadas Citosina (C) e Guanina (G).
  • Alexander Todd estuda minuciosamente os nucleosídeos (base nitrogenada ligada a um açúcar) e conclui que estes estão ligados a grupos fosfatos das moléculas de desoxirribose, o açúcar do DNA.


1952 
  • Os norte-americanos Alfred Hershey (1908-1997) e Martha Chase (1930- ), usando marcadores radioativos, mostram que é o DNA de um vírus, e não a proteína, que programa as células para fazer cópias do vírus. O experimento reforça a idéia de que os genes estão contidos no DNA.
  • A britânica Rosalind Franklin (1920-1958) obtém imagens de DNA de excelente qualidade, por difração de raios X.


1953 
  • O norte-americano James Watson (1928- ) e o britânico Francis Crick (1916-) decifram, em 7 de março, a estrutura de dupla hélice para o DNA e a publicam na revista Nature de 25 de abril, na qual saem também outros dois artigos sobre o DNA, um de Maurice Eilkins (1916- ), Alexandre Stokes (1919-2003) e Herbert Wilson (1929- ), e outro de Rosalind Franklin e Raymond Gosling, ambos descrevendo resultados experimentais de difração do DNA com raios X que eram compatíveis com a estrutura proposta por Watson e Crick.
  • Em 30 de maio, também na Nature, Watson e Crick analisam as implicações genéticas de seu modelo e sugerem um mecanismo para a replicação do DNA.


1957 
  • Francis Crick afirma que a especificidade de um fragmento de ácido nucléico depende apenas da seqüência de suas bases e que essa seqüência é a chave para a disposição dos aminoácidos em uma proteína particular. Propõe que o fluxo de informação vai do DNA para a proteína e que não pode retornar (suposição que ficou conhecida como o "Dogma Central").


1958 
  • Os norte-americanos Matthew Meselson (1930- ) e Franklin Stahl (1929- ) confirmam a hipótese feita por Watson e Crick de que o DNA se replica de maneira semiconservativa: os dois filamentos da molécula de origem se separam e cada um deles passa a se emparelhar com um filamento novo.


1960 
  • O norte-americano Arthur Kornberg (1918- ) identifica a polimerase, enzima que catalisa a síntese de DNA e que posteriormente se mostrou uma ferramenta importante na engenharia genética.


1961 
  • O sul-africano Sydney Brenner (1927- ), o francês François Jacob (1920-) e Matthew Meselson descobrem que um tipo de RNA (o RNA mensageiro, ou mRNA) leva a informação genética "inscrita" na dupla hélice para a maquinaria celular que produz proteínas. Francis Crick e Jacques Monod tiveram também participação nessa descoberta.
  • O norte-americano Marshall Nirenberg (1927- ) anuncia a comprovação experimental de que uma seqüência de bases especifica uma seqüência de aminoácidos e revela o conteúdo da primeira "palavra" do chamado código genético (três bases uracila correspondem ao aminoácido fenilalanina).


1962 
  • James Watson divide o prêmio Nobel com Francis Crick e Maurice Wilkins pela descoberta.


1966 
  • Grupos de pesquisa liderados por Marshall Nirenberg e pelo indiano Har Gobind Khorana (1922- ) decifram, com outros pesquisadores dos EUA, da Inglaterra e da França, a série completa de “palavras” do código genético.


1968 
  • Daniel Nathans (1928-1999) e Hamilton Smith (1931- ), dos EUA, e Werner Arber (1929-), da Suíça, descrevem as nucleases de restrição, enzimas que reconhecem e cortam seqüências curtas específicas de DNA em pontos determinados.


1969 
  • Isolado o primeiro gene do DNA, responsável pelo metabolismo do Açúcar.


1972 
  • O norte-americano Paul Berg (1926- ) obtém as primeiras moléculas de DNA recombinante, unindo DNA de diferentes espécies e inserindo esse DNA híbrido em uma célula hospedeira.


1975 
  • Dois grupos de pesquisa desenvolvem métodos de seqüenciamento de DNA. O primeiro deles, criado pelos norte-americanos Walter Gilbert (1932-) e Allan Maxam, é complexo; o mais usado atualmente foi desenvolvido pela equipe do britânico Frederick Sanger (1918-).
  • Em encontro internacional em Asilomar (EUA), um grupo de cientistas alerta para a necessidade de estabelecer regras gerais e de segurança para experimentos com DNA recombinante.


197
  • É fundada em São Francisco a primeira empresa de Biotecnologia, a Genentech;
  • Produz a primeira proteína humana em uma bactéria geneticamente modificada e, em 1982, comercializa a primeira droga recombinante, insulina humana.


1977 
  • O britânico Richard Roberts (1943- ) e o norte-americano Phil Sharp (1944-) descobrem, independentemente, que genes de organismos superiores são interrompidos por regiões chamadas íntrons, que não especificam aminoácidos para a formação de proteínas;
  • Frederick Sanger elabora uma técnica capaz de determinar a ordem seqüencial das bases nitrogenadas do DNA de qualquer organismo vivo (pelo método enzimático). Wally Gilbert elabora outra técnica com a mesma função (pelo método químico).


1980 
  • David Botstein, Ronald Davis, Mark Skolnick e Ray White, dos EUA, desenvolvem técnica baseada no uso de enzimas de restrição para fragmentar o DNA. A técnica foi importante para o Projeto Genoma Humano.
  • A Suprema Corte dos EUA decide que formas de vida alteradas podem ser patenteadas.


1982 
  • O primeiro animal (camundongo) transgênico é obtido nos EUA pela equipe de Richard Palmiter e Ralph Brinster.


1983 
  • Companhias nos EUA conseguem obter patentes para plantas geneticamente modificadas.
  • Seqüenciador de DNA automatizado é desenvolvido nos EUA por Marvin Carruthers e Leroy Hood.
  • Kary Mullis idealiza uma técnica experimental que permite obter múltiplas cópias de um fragmento qualquer de DNA.
  • É mapeado nos EUA o primeiro gene relacionado a uma doença, um marcador da doença de Huntington encontrado no cromossomo 4. O estudo de James Gusella permitiu o desenvolvimento de um teste diagnóstico.


1985
  • O britânico Alec Jeffreys (1950- ) publica artigo em que descreve técnica de identificação que ficou conhecida como "impressão digital" por DNA ("DNA fingerprint"), que permitiu a elucidação mais precisa de vários crimes.
  • Publicado artigo do norte-americano Kary Mullis (1944- ) que descreve o método PCR (reação em cadeia de polimerase, em inglês), que possibilita a obtenção rápida de bilhões de cópias de um segmento específico de DNA.
  • Os NIH dos EUA aprovam diretrizes gerais para a realização de experimentos com terapia genética em seres humanos.


1986
  • Plantas de tabaco geneticamente modificadas para se tornarem resistentes a herbicida são testadas em campo pela primeira vez, nos EUA e na França.
  • EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) autoriza plantações comerciais desse tipo.


1988 
  • James Watson é nomeado chefe do Projeto Genoma Humano (PGH). O objetivo inicial é mapear e sequenciar o DNA do homem até 2005.
  • Nos EUA, Philip Leder e Timothy Stewart obtêm primeira patente para um animal geneticamente modificado, um camundongo altamente suscetível a câncer de mama.


1989
  • Criação nos EUA do Instituto Nacional para Pesquisa do Genoma Humano (NHGRI), chefiado por James Watson, para determinar toda a seqüência do DNA que compõe os cromossomos humanos.
  • Seqüenciamento por hibridização– Khrapko et al. (1989). FEBS Lett. 256: 118-122 - http://dx.doi.org/10.1016/0014-5793(89)81730-2


1990
  • Lançamento oficial do PGH, com dotações de fundos públicos no total de US# 3 Bilhões.
  • A terapia genética é utilizada pela primeira vez, com sucesso, em uma menina de quatro anos com um tipo de deficiência no sistema imunológico chamado ADA.


1993
  • O Welcome Trust britânico passar a integrar o PGH, também subsidiado por verbas públicas. Pesquisadores na França, Alemanha, China e Japão também integram o projeto


1994
  • Craig Venter funda o IGR (sigla em inglês para Institute of Genomics Research) com financiamento privado.
  • Liberação do tomate Flavr Savr, primeiro alimento geneticamente modificado cuja venda é aprovada pela FDA (agência de fármacos e alimentos dos EUA).


1995
  • Começa a decodificação do genoma humano, previsto para acabar em 2003.
  • É obtida a primeira seqüência completa de DNA de um organismo de vida livre, a bactéria Hemophilus influenzae.


1996
  • Nascimento da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado a partir de uma célula de um animal adulto pelo Instituto Roslin (Escócia) e pela empresa PPL Therapeutics. Só em fevereiro do ano seguinte o feito foi divulgado. Dolly morreria de envelhecimento precoce em fevereiro de 2003.
  • Pirosseqüenciamento – Ronaghi et al. (1996). Anal. Biochem. 242: 84–89. - Http://dx.doi.org/10.1006/abio.1996.0432
  • Mapa genético completo do camundongo.


1998
  • Fundação da Celera Genomics. Começa a disputa entre o setor público e privado pelo pioneirismo do seqüenciamento do genoma humano.
  • O britânico John Sulston (1942- ) e o norte-americano Robert Waterstone seqüenciam o genoma do verme C. elegans, primeiro organismo multicelular a ter o seu DNA transcrito.


1999
  • Sequenciado o primeiro cromossomo humano, o 22, o segundo menor de todos.
  • Mais quatro cromossomos, os de números 5, 16, 19 (em abril) e 21 (em maio), são seqüenciados.


2000
  • Seqüenciamento paralelo de assinaturas baseado em ligação e corte (MPSS) – Brenner et al. (2000). Nature Biot. 18: 630 - 634 -Http://dx.doi.org/10.1038/76469.
  • (26/06) – Anúncio do rascunho do seqüenciamento do genoma humano.
  • Pesquisadores do consórcio público Projeto Genoma Humano e da empresa privada norte-americana Celera anunciam o rascunho do genoma humano, que seria publicado em fevereiro de 2001.
  • No Brasil, pesquisadores paulistas anunciam o seqüenciamento do genoma da bactéria Xylella fastidiosa, a causadora da doença do amarelinho em cítricos. O artigo foi destacado na capa da revista Nature.


2002
  • Cientistas americanos constroem um vírus da pólio no laboratório, utilizando informações sobre seqüências genéticas existentes em bases de dados públicas e tecnologia disponível. É o primeiro agente infeccioso totalmente fabricado pelo homem.
  • Seqüenciamento do genoma do arroz, principal alimento para dois terços da população mundial. É o primeiro alimento básico a ser seqüenciado.


2003
  • É apresentada a versão final do seqüenciamento genético do homem, com conclusão oficial do Projeto Genoma Humano.



BIBLIOGRAFIA:

SILVA, Felipe Rodrigues da. Sequenciamento. Embrapa; Apresentação de Slides, 2005;
BIOLOGIA MOLECULAR E BIOINFORMÁTICA NOTÍCIAS, (http://www.biomol.net/noticias/2006_11_01_arquivo.html)2010;
DNA 50: DESCOBRINDO O SEGREDO DA VIDA (http://www.casadaciencia.ufrj.br/Exposicao/DNA/linha.html), 2010.