PACINI, Diogo Barth.
INTRODUÇÃO
O fígado é o segundo maior
órgão do corpo humano, perdendo somente para a pele. Está localizado abaixo do
diafragma e ocupa a maior parte da região hipocôndrica direita e parte da
região epigástrica, da cavidade abdominopélvica (TORTORA & GRABOWSKI,
2002).
O fígado tem
como função a secreção da Bile e a metabolização dos carboidratos, lipídeos e
proteínas; o processamento de fármacos e hormônios; excreção da bilirrubina;
síntese dos sais biliares; ativação da vitamina D; fagocitose e o armazenamento
de glicogênio, minerais e vitaminas. Devido a essa grande quantidade de função
e importância para o corpo humano são solicitados provas de função hepática.
As provas de
função hepática são um conjunto de exames laboratoriais pedidos pelo médico com
o intuito de conferir se o fígado está funcionando normalmente (ZANLORENZI,
2014).
Dentre os exames
temos, aminotransferase (TGP/ALT e TGO/AST), fosfatase alcalina, gama-GT e
Bilirrubina (total, direta e indireta).
O pâncreas é uma
glândula retroperitoneal que mede cerca de 12 a 15 cm de comprimento e 2,5 cm
de espessura, situa-se atrás da curvatura maior do estômago.
A função do
pâncreas é a secreção do suco pancreático, insulina, hormônios glucagon,
somatostatina e poplipeptídios pancreáticos
No sitio da
UFERSA (2014), encontramos os testes e função pancreática, que são, avaliação
do pâncreas Endócrino (Glicemia, teste de tolerância à glicose, corpos
cetônicos, hemoglobina glicosilada e insulina), e a avaliação do pâncreas
exócrino (amilase e lipase, proteínas associadas à pancreatite, interleucina 6,
polipeptídeo pancreático, tripsina e tripsinogênio, peptídeos ativadores do
tripsinogênio, hiperlipemia, testes enzimáticos hepáticos, exame fecal,
absorção de gordura e atividade da quimiotripsina pancreática – teste da
bentiromida).
FUNÇÃO HEPÁTICA
- TGO/AST
TGO –
Transaminase Glutâmico Oxalacética;
AST – Aspartato
aminotransferase.
Valores de referência:
Homem: 15 a 40
U/L
Mulher: 13 a 35
U/L
Exame: Jejum de pelo menos 4 horas – coleta de sangue
venoso.
É uma enzima encontrada em altas concentrações no músculo
cardíaco, músculos esqueléticos, hepatócitos e em menor escala no pâncreas e
rins; a dosagem sérica está limitada,
atualmente, ao estudo das hepatopatias; quando aumentada é indicativo de
hepatites virais agudas ou crônicas, hepatite por drogas, cirrose alcoólica,
hemocromatose, icterícias hemolíticas e nos tumores primitivos ou metastáticos
do fígado (CÂMARA, 2014).
Em níveis elevados pode indicar infarto do miocárdio,
hepatite aguda, mononucleose infecciosa, infiltração hepática por linfoma e
leucemia, cirrose hepática, pancreatite aguda, entre outros; quando seu nível
diminui pode representar má nutrição, deficiência de vitamina B6, uso de
contraceptivos orais ou falência renal (TGO – IG Saúde, 2014)
- TGP/ALT
TGP –
Transaminase Glutâmico Pirúvica;
ALT – Alanina
aminotransferase.
Valores de referência:
Homem: 10 a 40
U/L
Mulher: 7 a 35
U/L
Exame: Jejum de 8 horas – coleta de sangue venoso.
É uma enzima encontrada praticamente apenas em células do
fígado, portanto, é mais específica do que a enzima TGO/AST, que podem ser
encontradas também em outros órgãos do corpo; o TGP/ALT serve para investigação
das funções hepáticas e de hepatites virais, cirrose, insuficiência cardíaca,
isquemia do fígado e câncer do fígado (TGP – IG Saúde, 2014).
- BILIRRUBINA
A Bilirrubina é
uma substância proveniente do metabolismo de células velhas do sangue
(hemácias) e é responsável por ajudar na digestão de gordura; Está presente em
duas formas no corpo: indireta (ou não conjugada) e direta (ou conjugada); A
forma indireta esta presente no sangue enquanto a forma direta já passou pelo
fígado (já foi conjugada) e esta pronta para atuar na digestão; pode ser dosada
na forma total (indireta + direta) ou separadamente (ZANLORENZI, 2014).
O teste de
bilirrubina pode ser feito no sangue e na urina. Quando se detecta bilirrubina
na urina é sinal de icterícia.
Para o exame de sangue (coleta do sangue venoso), é
necessário para o adulto um jejum de 4 a 12 horas e para criança ou
recém-nascido não necessita de jejum. Os valores de referência para exames de
sangue são:
Adulto: igual ou
inferior a 1.2 mg/dl (Bilirrubina Total);
igual ou inferior a 0,8 mg/dl (Bilirrubina Indireta);
igual ou inferior a 0,2 mg/dl (Bilirrubina Direta);
Criança: 1 a 2
mg/dl (Bilirrubina Total);
Recém-Nascidos
(Bilirrubina Total): 1 dia – 1 a 8 mg/dl;
2 dias – 6 a 12 mg/dl;
3 – 5 dias – 4 a 8 mg/dl.
Segundo o sitio Hepcentro (2014), os termos “direta” e
“indireta” referem-se ao método criado para diferenciá-las por van der Bergh e
Muller em 1916, mas que persistem até hoje (gerando confusão desnecessária); o
aumento da bilirrubina indireta, portanto, é causado pelo aumento da degradação
do heme ou deficiência da conjugação no fígado; o aumento da bilirrubina direta
é causado principalmente por deficiência na eliminação da bilirrubina pela
bile; o aumento de ambas pode ser causado por obstrução no fluxo de bile (mas
com predomínio do aumento da bilirrubina direta) ou por lesão mais intensa dos
hepatócitos (onde há deficiência na conjugação e também refluxo da bilirrubina
conjugada para o sangue); assim, a dosagem das bilirrubinas é um exame que pode
avaliar ao mesmo tempo lesão hepatocelular, fluxo biliar e função de síntese do
fígado.
Conforme exemplificado no sitio
Bioinforme (2014), a causa do aumento da bilirrubina conjugada (direta) são,
falha na excreção da bilirrubina conjugada (síndrome de Dubin-Johnson, síndrome
de Rotor), disfunção hepatocelular (hepatite, cirrose hepática, colestase
intra-hepática (drogas, cirrose biliar, sepse, pós-operatórios), mononuclease,
colangite, sarcoidose, linfomas), obstrução biliar (coledocolitíse, atresia
biliar, carcinoma (vias biliares, fígado ou pâncreas), verminose (Ascaris lumbicoides), abscessos,
pancreatite, doenças congênitas das vias biliares); e as causas do aumento da
bilirrubina não-conjugada (indireta) são, aumento da oferta (reação
transfusional, anemia hemolíticas (auto-imune, hemoglobinopatias, drogas),
infecções virais e bacterianas, queimaduras, reabsorção de hematomas, infarto
pulmonar), alteração no transporte (mecanismos de competição de drogas pelo
sitio de ligação da albumina, acidose metabólica, hipoalbuminemia), redução da
captação (contrastes radiológicos, distúrbios transitório após hepatite,
imaturidade neonatal e alguns casos de síndrome de Gilbert), alteração na
conjugação (deficiência total ou parcial da enzima glicuroniltransferase
(síndrome de Gilbert, Crigler-Najjar tipo I e II), imaturidade neonatal, síndrome
de Lucey-Driscoll).
- FOSFATASE ALCALINA/FAL
Enzimas
distribuídas por diversas partes do corpo como fígado, intestinos, ossos, rins,
placenta, entre outros; seus valores normais são altamente dependente da idade
e sexo do paciente, sendo mais alto em idosos, crianças e gestantes; por estar
presente em tantas partes do corpo, é necessária a dosagem de uma segunda
enzima para confirmar que se aumento ou diminuição vem do fígado, é a Gama-GT
(ZANLORENZI, 2014)
No fígado, a fosfatase alcalina está
localizada na membrana celular que une a borda sinusoidal das células
parenquimais aos canalículos biliares; os níveis séricos de fosfatase alcalina
são de grande significado na investigação das desordens hepatobiliares e o
nível elevado são encontrados predominantemente, na obstrução extra-hepática
(cálculo vesicular, câncer de cabeça do pâncreas) e na obstrução do trato
biliar (CÂMARA, 2014).
Os valores diminuídos são encontrados em
hipotireoidismos, escorbuto, cretinismo e acondroplasia (EXAMES DE ROTINA, 2014).
Segundo dados do Hepcentro (2014), os valores normais
varia de acordo com a idade: 1 dia de idade: até 250 U/L; 2 -
5 dias: até 231 U/L; 6 dias - 6 meses: até 449 U/L; 7 meses - 1 ano: até 462
U/L; 2 - 3 anos: até 281 U/L; 4 - 6 anos: até 269 U/L; 7 - 12 anos: até 300
U/L; 13 - 17 anos: até 187 U/L (mulheres) e 390 U/L (homens); adultos: 35 a 104
U/L (mulheres) e 40 a 129 U/L (homens).
- GAMA-GT
A Gama-glutamiltransferase catalisa a transferência de um grupo
gama-glutamil de um peptídio para outro peptídio ou para um aminoácido
produzindo aminoácidos gama glutamil e cistenilglicina; está envolvida no
transporte de aminoácidos e peptídios através das membranas celulares, na
síntese protéica e na regulação dos níveis de glutatião tecidual; Gama-GT é encontrada
no fígado, rim, intestino, próstata, pâncreas, cérebro e coração (CÂMARA,
2014).
Indicador sensível de doença do fígado, porém, é pouco específico: seu
aumento possivelmente significa doença, porém, podem estar aumentado em outras
situações que não doenças hepáticas, por isso, deve ser analisado junto com os
outros resultados; algumas literaturas indicam que apenas Gama-GT isolada
indica alcoolismo, o que não é verdade,
pode estar alta após um infarto miocárdico, doença pancreática ou pulmonar, diabetes,
entre outros (ZANLORENZI, 2014).
O sitio Hepcentro (2014) informa que os valores normais são: 8 a 41 U/L
(mulheres e 12 a 73 U/L (homens).
Os valores aumentados ocorrem em hepatites, cirrose hepática, tumores
hepáticos e uso de drogas hepatotóxicas; algumas drogas/medicamentos podem
aumentar ou reduzir os valores de Gama-GT (EXAMES DE ROTINA, 2014), por isso é
necessário informar o uso de medicamentos no momento de realizar o cadastro
para o exame.
FUNÇÃO PANCREÁTICA
- AMILASE
A amilase é uma
enzima produzida pelo pâncreas e pelas glândulas salivares, que atua na
digestão do amido e do glicogênio contidos nos alimentos. Clinicamente,
sua análise é um indicador útil no diagnóstico da pancreatite e de
paratiroidites, por exemplo (ZANIN, 2014)
.
Segundo, Câmara (2014), a amilase sérica é
secretada, fundamentalmente, pelas glândulas salivares (forma S) e células
acinares do pâncreas (forma P). É secretada no trato intestinal por meio do
ducto pancreático. As glândulas salivares secretam a amilase que inicia a
hidrólise do amido presente nos alimentos na boca e esôfago. Esta ação é
desativada pelo conteúdo ácido do estômago. No intestino, a ação da amilase
pancreática é favorecida pelo meio alcalino presente no duodeno. A atividade
amilásica é também encontrada no sêmem, testículos, ovários, tubos de Fallopio,
músculo estriado, pulmões e tecido adiposo. A amilase tem massa molecular entre
40.000 e 50.000 daltons sendo, facilmente, filtrada pelo glomérulo renal.
Conforme o sitio Boa
Saúde no Link Exames de rotina (2014), a amilase pode ser dosada na urina e no
sangue. No exame de urina a finalidade é o diagnóstico de pancreatite aguda ou
inflamação de glândulas salivares, avaliação da função do pâncreas e das
glândulas salivares, quanto aos valores normais depende do laboratório, pois
variam de laboratório para laboratório e segundo o método utilizado, em valores
aumentados podem podem significar pancreatite aguda, patologia da vesícula,
carcinoma de cabeça de pâncreas, caxumba, acometimento do baço, obstrução do
ducto pancreático ou ducto salivar, patologia renal e em caso de valores
diminuídos podem significar: alcoolismo, caquexia, hepatite, abscesso hepático,
cirrose, câncer de fígado. No exame de Sangue a finalidade é o diagnóstico de
lesão pancreática, pancreatite e um diagnóstico diferencial entre a pancreatite
e outras causas de dores abdominais aguda; os valores normais é de 60 a 180
unidades Somogei x dl; os valores elevados podem ocorrer em Doença aguda das
glândulas salivares, pancreatite aguda, obstrução da ampola de Vater, obstrução
do conduto biliar comum, câncer de pâncreas, patologia pancreática por lesão
ulcerosa péptica; e em caso de valores diminuídos podem significar cirrose,
hepatite, câncer pancreático, toxemia gravídica.
- LIPASE
Segundo Câmara (2014), A
lipase é uma enzima altamente específica que catalisa a hidrólise dos ésteres
de glicerol de ácidos graxos de cadeia longa (triglicerídeos) em presença de
sais biliares e um cofator chamado colipase. As ligações éster, nos átomos de
carbono 1 e 3 são preferentemente rompidas, produzindo dois mol de ácidos
graxos de cadeia longa e um mol de 2-acilmonoglicerídio por mol de
triglicerídeo hidrolisado. Tanto a lipase como a colipase são sintetizadas
pelas células acinares do pâncreas. A lipase também é encontrada na mucosa
intestinal, leucócitos, células do tecido adiposo, língua e leite. E como
significado clínico a lipase é um marcador mais específico de doença
pancreática aguda do que a amilase. Seus níveis estão aumentados em pacientes
com pancreatite aguda e recorrente, abscesso ou pseudocisto pancreático,
trauma, carcinoma de pâncreas, obstrução dos ductos pancreáticos e no uso de
fármacos (opiáceos). Está também aumentada na maior parte das condições
inflarmatórias da cavidade abdominal, doenças do trato biliar, abscessos
abdominais e insuficiência renal aguda e crônica (com menor frequência do que a
amilase).
Em exame
laboratorial o valor de referência é até 60 U/L, pode ocorrer valores
aumentados em caso de pancreatite aguda, câncer pancreático, hemodiálise,
colecistite, hemorragia intracraniana, afecções hepáticas, como certas
icterícias e cirrose hepática, úlcera duodenal e gastroenterite viral, algumas
medicações também podem alterar os valores por isso deve ser informado o uso de
medicamentos (EXAMES DE ROTINA, 2014).
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